Com alunos da USP, pesquisa cria aplicativo para dependentes químicos

Proposta é transpor as etapas do tratamento convencional para a tela do celular

 28/03/2017 - Publicado há 7 anos
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Foto: Divulgação/Grea-IPq-USP
Telas do aplicativo BeOK – Foto: Divulgação/Grea-IPq-USP

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Estima-se que menos de um quinto dos dependentes de drogas no Brasil recebam tratamento especializado. As causas são muitas: há quem nem chegue a buscar ajuda, mas também existe um grande número de pessoas que desistem da terapia, pois a fila de espera é grande e muitas cidades nem mesmo oferecem o serviço. É o que relata Flavia Serebrenic Jungerman, coordenadora do setor de Psicologia do Grea, o Grupo Interdisciplinar de Estudos em Álcool e Drogas, ligado ao Instituto de Psiquiatria (IPq) da USP.

Diante dessa realidade, Flavia pensou em uma solução: transpor as etapas do tratamento convencional para as telas do celular. Assim surgiu a proposta do aplicativo BeOK. “Ele vai definir metas, mostrar o progresso da pessoa ao longo do tempo, além de trazer dicas, informações e frases para motivar o usuário”, conta. Para dar vida à sua ideia, a psicóloga conta com o apoio de uma equipe de estudantes de várias unidades da USP, que se reuniram até mesmo durante as férias para pensar o conteúdo, design e programação do aplicativo.

Os alunos foram convocados pelo Núcleo de Empreendedorismo da USP (NEU), que está gerenciando o projeto. “Formamos um equipe bem multidisciplinar, com pessoas da Psicologia, Engenharia e Design, por exemplo. Juntos, realizamos reuniões semanais, além de várias maratonas, inclusive aos finais de semana, para acelerar o projeto”, explica Barbara Iamauchi, do NEU.

Foto: Divulgação
Equipe desenvolvedora do aplicativo BeOK – Foto: Divulgação/Grea-IPq-USP

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Inicialmente, o BeOK não será disponibilizado no mercado. “Vamos começar a testar com uma amostra pequena de pessoas. É um piloto, então vamos fazer ajustes até deixar o aplicativo ‘redondo'”, explica Flavia. Ela lembra que já existem vários aplicativos relacionados ao uso de drogas, mas são utilizados como complemento ao tratamento. “E isso é o que o nosso aplicativo traz de inovador, ele é o tratamento propriamente dito, com a vantagem de ampliar o acesso a muito mais pessoas”, afirma.

Uma das propostas da pesquisa que a psicóloga realiza é comparar o tratamento presencial, que é uma terapia em grupo, com o tratamento pelo celular. Para o desenvolvimento do projeto, Flavia conta com a ajuda de outra psicóloga do Grea, Natália Gomes Ragghianti, que também é especialista em dependência química.
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Estudantes de várias unidades da USP contribuíram com o projeto – Foto: Divulgação/Grea-IPq-USP

O programa de férias com os alunos foi proposto pelo InovaLab@POLI, que incentiva alunos de graduação a criar projetos de inovação. Vice-coordenador do laboratório da Escola Politécnica (Poli) da USP, o professor Eduardo de Senzi Zancul comenta que a iniciativa é nova e os resultados foram muito positivos. “Percebemos que existiam demandas interessantes de várias áreas da Universidade e, de outro lado, alunos queriam se dedicar no período de férias escolares para aprender”, relata.

Para desenvolver o projeto, a equipe do BeOK contou com o espaço e a mentoria tecnológica do Ocean USP Samsung, laboratório da Poli voltado a ensino, pesquisa e extensão nas áreas de aplicativos móveis, Internet das coisas, realidade virtual e games.

Segundo uma das responsáveis do NEU, a ideia agora é tentar conseguir bolsas para que os estudantes possam continuar trabalhando no projeto.

 


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