O papel da Cultura e Extensão Universitária em debate

A Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária realizou, entre os dias 15 a 18 de setembro, o encontro Cultura e Extensão na Universidade: conceitos, ações

 23/09/2011 - Publicado há 13 anos
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A Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária realizou, entre os dias 15 a 18 de setembro, o encontro Cultura e Extensão na Universidade: conceitos, ações e processos. O evento  contou com a presença de 105 pessoas, entre funcionários e membros docentes das Comissões de Cultura e Extensão Universitária das Unidades da USP, dirigentes das Faculdades e dos Órgãos Centrais da Universidade.

Com conceito estratégico, o evento teve como objetivo a formulação de políticas de cultura e extensão na USP, além de ser espaço de debate e reflexão sobre a conceitualização e o lugar das atividades de cultura e extensão nas universidades públicas e junto às agências de fomento no que tange à criação de uma política pública de financiamento para essas ações no Estado de São Paulo.

(da esq. p/ dir.) O pró-reitor de Pós-Graduação; o vice-reitor; o reitor; o vice-reitor Executivo de Administração; e a pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária

A cerimônia de abertura, realizada na noite do dia 15, teve início com a conferência “Indissociabilidade entre ensino, pesquisa, cultura e extensão”, proferida pela pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária, Maria Arminda do Nascimento Arruda, que ressaltou que “cultura e extensão não são antagônicas, mas sim complementares, pois não há verdadeiramente extensão se não estiver baseada em cultura”. Assim como também estas duas áreas não existem sem ensino e pesquisa, porque senão é “assistencialismo, festa ou mera reprodução do que já foi dado”, afirmou.

A pró-reitora destacou ainda a importância da Universidade no sistema cultural paulista, já que sua criação é fruto de um projeto modernista. E, por fim, elencou os desafios do Órgão – ressaltar qual é seu papel; como a Pró-Reitoria pode se eleger como um fórum de discussão, mesmo não sendo a responsável por todos os programas de cultura da Universidade; e qual é o lugar dos museus de arte na sociedade contemporânea.  “Uma área como esta precisa ter uma política estruturada, porque se não será errática”, considerou.

“A integração entre a pós-graduação e a cultura e extensão é imprescindível”, disse o pró-reitor de Pós-Graduação, Vahan Agopyan, em seu pronunciamento, no qual expôs um breve quadro da área de Pós-Graduação da USP, que, neste ano, está comemorando 100 mil títulos outorgados a mestres e doutores pela Universidade. O vice-reitor Executivo de Administração, Antonio Roque Dechen, lembrou que fazer extensão é necessário para retornar à sociedade o financiamento dela recebido. O vice-reitor, Hélio Nogueira da Cruz, por sua vez, acrescentou que a área de cultura e extensão da USP tem muito a oferecer para toda a sociedade.

O reitor João Grandino Rodas destacou que encontros desse gênero são relevantes para a Universidade, tanto quanto as atividades em sala de aula ou as funções administrativas realizadas. Finalizou dizendo que é preciso saber como melhorar as políticas nesta área para que as pessoas que nela trabalham possam atuar cada vez mais motivadas e com afinco, um fator importante para a excelência da Universidade.

Na cerimônia de abertura, foi exibido um documentário sobre a participação da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, em 2010, no Projeto de Revitalização do Parque da Água Branca, por meio de atividades culturais, em parceria com o Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de SP (FUSSESP). A noite foi encerrada com a apresentação do Coral USP, com a maestrina Paula Botelho.

Debates e grupos de trabalho

As atividades do segundo dia começaram com a palestra “Políticas de Cultura e Extensão Universitária”, na qual a pró-reitora  mostrou momentos do cenário político e econômico do Brasil e das políticas culturais existentes desde a época do Estado Novo até o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2002 – 2010).

Maria Arminada: "como a Universidade pode cumprir o seu papel formativo não somente para os seus alunos, mas para os professores, funcionários e a sociedade em geral, para além da cultura dominante"

Maria Arminda citou dados sobre o acesso desigual à cultura no mundo e no Brasil, em que muitas pessoas nunca foram a um espetáculo de dança ou não têm acesso a bibliotecas em suas cidades, para mostrar as carências existentes no âmbito da cultura e repensar a política de cultura que cabe à Universidade,. “Temos de pensar como formar os jovens na USP, pois, muitos estudantes chegam à Universidade sem formação cultural”, avaliou.

Para exemplificar, a pró-reitora apresentou o perfil sociocultural dos alunos da USP, o qual mostra que eles são mais devotados ao culto do corpo, não são muito religiosos, não tem uma forte atuação política e envolvimento com ações voluntárias, poucos leem jornal, mas assistem televisão e acessam muito a internet e, apesar da maioria falar outras línguas, quase não vão ao cinema, teatro ou museus. “O que mostra que os alunos da USP estão em consonância com os outros jovens do Brasil, segundo dados do IPEA [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada] e da Fecomércio [Federação do Comércio de Bens, Serviço e Turismo do Estado de São Paulo]”, afirmou.

Para finalizar, Maria Arminda colocou algumas questões para o debate: no âmbito da cultura nacional, que é preciso redefinir a política de cultura tendo em vista que não se pode rejeitar o financiamento através de incentivos fiscais, e como a Universidade pode cumprir o seu papel formativo não somente para os seus alunos, mas para os professores, funcionários e a sociedade em geral, para além da cultura dominante. Após a palestra, foi realizado um debate e, ao longo do dia, dois grupos de trabalho formados pelos participantes discutiram o que são ações de cultura e extensão e o que pode caracterizar ações de qualidade em cultura e extensão e como acompanhá-las e avaliá-las.

No terceiro dia, foi realizada uma mesa de debate com o tema “Quem são e onde estão, dentro e fora da universidade, os possíveis parceiros nas ações em Cultura e Extensão?”. Em seguida, um debate sobre os temas desta mesa e uma plenária sobre “Pactuação e linhas de atuação para o desenvolvimento de ações em Cultura e Extensão”. Antes do encerramento, teve a formação de grupos de interesse para o desenvolvimento das linhas de ação pactuadas na plenária do encontro e avaliação geral, cujos documentos estão sendo elaborados e serão divulgados futuramente pela Pró-Reitoria.

(Fotos: Ernani Coimbra)


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