Pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas é premiada

A pesquisa “Bases moleculares das transformações pós-colheita e qualidade de frutas”, vencedora do Prêmio Péter Murányi 2016, abre caminho para o desenvolvimento de novas tecnologias de conservação de frutas tropicais.

 19/02/2016 - Publicado há 8 anos     Atualizado: 23/04/2018 as 14:53
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Intitulada “Bases moleculares das transformações pós-colheita e qualidade de frutas”, a pesquisa liderada pelo professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) e vice-reitor da USP no período de 2006-2010, Franco Maria Lajolo, em conjunto com os professores da FCF, Beatriz Rosana Cordenunsi e João Roberto Oliveira do Nascimento, venceu o Prêmio Péter Murányi 2016 – Alimentação, no valor de R$ 200 mil.

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A pesquisa “Bases moleculares das transformações pós-colheita e qualidade de frutas”, vencedora do Prêmio Péter Murányi 2016, abre caminho para o desenvolvimento de novas tecnologias de conservação de frutas tropicais

O trabalho, focado em produtos de alto valor comercial no Brasil – banana, mamão e manga –, abre caminho para o desenvolvimento de novas tecnologias de conservação de frutas a partir do entendimento dos seus mecanismos de amadurecimento. O avanço nessa área do conhecimento possibilitará diminuir as perdas pós-colheita e oferecer ao consumidor um produto melhor, mais nutritivo, doce e firme.

“O trabalho saiu vencedor entre mais de 90 inscritos e passou pelo crivo de uma Comissão Técnica Científica altamente competente”, afirmou a presidente da Fundação que organiza o prêmio, Zilda Vera Murányi Kiss.

A pesquisa dos docentes da USP foi escolhida entre três finalistas por um júri composto por 27 integrantes, que se reuniu na tarde da última quarta-feira, dia 17 de fevereiro, na Sala do Conselho do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em São Paulo. “O trabalho tem um impacto social grande, pois possibilita diminuir os índices de perdas de frutas pós-colheita, mantendo um padrão de alta qualidade”, destacou. Os outros dois finalistas foram a Embrapa Instrumentação Agropecuária e a Universidade Federal de Goiás.

Avanço científico

O mérito da pesquisa foi mostrar quais são as vias metabólicas para a transformação do amido em açúcar (as enzimas envolvidas e o seu controle) e identificar as enzimas que atuam na degradação da parede celular, ou seja, na textura da fruta. No final, chegou-se à conclusão de que as mudanças dependem da síntese de enzimas, da expressão de genes específicos em determinados períodos do pós-colheita e de hormônios, como o etileno e auxinas. E mais: descobriu-se que a velocidade da transformação varia conforme o cultivar.

“Identificamos uma variedade com mais resistência ao frio – fator importante para garantir a qualidade do produto no transporte de longa distância”, conta o coordenador da pesquisa, Franco Maria Lajolo, que também é membro do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC – Food Research Center) – um dos centros de excelência da USP apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Na avaliação do reitor da USP, Marco Antonio Zago, que também fez parte do júri, a Comissão Técnica e Científica fez um trabalho excelente, selecionando três projetos que são igualmente importantes, tanto do ponto de vista do conhecimento científico quanto de aplicações práticas – imediatas ou derivadas. “O trabalho premiado pertence a um grupo que há muito tempo se dedica à pesquisa nessa área, e que foi contemplado merecidamente pela contribuição que vem dando à ciência”, afirmou.

Zago também elogiou o trabalho desenvolvido pela Fundação Péter Murányi. “Trata-se de uma iniciativa rara no Brasil, de uma pessoa deixar recursos para premiar pesquisadores que contribuem para melhorar a qualidade de vida da sociedade.”

Valorizando a ciência

Esta é quarta vez que a USP sai vencedora do Prêmio Péter Murányi, desde que o prêmio foi lançado em 2002. De lá para cá, mais de R$ 2 milhões foram concedidos em prêmios para pesquisadores e instituições cujos trabalhos se destacaram como inovações que podem melhorar a qualidade de vida nos países em desenvolvimento. “Este o foi o desejo do meu pai, materializado com a criação da Fundação Péter Murányi após sua morte”, conta a presidente da Fundação.

Única iniciativa privada do gênero no País, o Prêmio Péter Murányi é concedido anualmente, de forma alternada, em quatro áreas: saúde, educação, alimentação e desenvolvimento científico & tecnológico. A próxima edição será focada na área da educação. As inscrições terão início em maio próximo pelo site da Fundação.

(Com informações da Fundação Péter Murányi)


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