EACH abre inscrições para seu primeiro curso de pós-graduação

Primeira pós-graduação da EACH, que aborda sistemas complexos, também é a pioneira do Brasil na área

 14/01/2010 - Publicado há 14 anos
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Como saber se o trânsito vai estar um caos ou se é possível chegar ao trabalho em poucos minutos? Um indivíduo comum não tem como prever todas as variáveis que podem levar a um congestionamento (carros quebrados, acidentes, decisão de ir de carro ou transporte coletivo, sincronia de semáforos, ruas interditadas etc), mas um especialista em sistemas complexos pode fazê-lo.Sistemas complexos? Sim. "São todos os sistemas que envolvem múltiplos agentes e variáveis, como moléculas e pessoas, que tenham interação entre si e com outras variáveis no meio em que estão localizados", explica a professora Flávia Mori, vice-coordenadora do curso de pós-graduação de modelagem de sistemas complexos da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP – o primeiro da unidade, que fica na Zona Leste de São Paulo, e também o primeiro do Brasil no gênero. As inscrições abrem no dia 18 de janeiro e o curso tem duração de dois a cinco anos.A nova pós-graduação reflete a estrutura e o pensamento vigentes na EACH desde a criação da unidade – a única de ensino e pesquisa da USP a não ser organizada em departamentos separados entre si. De acordo com a professora Bernadette Franco, pró-reitora pro tempore de Pós-Graduação da USP, "a EACH está bem agitada com relação a essa nova forma de fazer pós, interdisciplinar". Para ela, o fato da unidade não ter departamentos independentes contribui para a interação entre áreas diferentes. Boa notícia para a EACH, que tem mais cinco programas de pós interdisciplinares tramitando na Pró-Reitoria e na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para serem aprovados, e cujo início pode ocorrer já em 2011. São eles: estudos culturais, sistema de informação, movimentos sociais de transformação do meio ambiente, têxtil e moda e desenvolvimento humano.ComplexidadeDe acordo com o professor Carlos de Brito Pereira, os físicos foram os criadores dos sistemas complexos: uma vez modelados no computador, interagem com outras áreas. "As cadeias alimentares, por exemplo, são complexas. Se você retira uma espécie da natureza, o que acontece? Modelos preveem isso", explica, referindo-se aos fenômenos que ninguém espera que aconteça, mas têm grande impacto no sistema. O físico faz um modelo no computador e precisa de informações sobre o comportamento dos agentes daquele sistema.É aí que entram os dados fornecidos por um especialista de outra área. A intenção é modelar essa estrutura matematicamente e fazer a simulação no computador. Trata-se, portanto, de um programa de pós-graduação interdisciplinar, que busca misturar físicos com engenheiros, economistas, biólogos, sociólogos, historiados, administradores, entre outros.Para estudar sistemas complexos, o aluno não pode ter barreiras ou preconceitos com estatística ou modelos matemáticos. A idéia é formar profisionais treinados para pensarem de forma flexível. A pessoa deve ter interesse em investigar áreas sem medo de usar métodos estatísticos e de computadores avançados – ou seja, não pode fugir dos números e tem de ser curiosa por natureza. Estudos cruzados entre várias áreas podem resultar em pesquisas sobre moda e inovação, sobrevivência de candidatos na política, relação entre epidemias e economia, grupos sociais e disseminação de doenças (como a obesidade) e um sem fim de possibilidades. Saindo de lá, o profissional estará apto para atuar tanto na área acadêmica, como pesquisador, quanto no mercado. Os instrumentos usados na pesquisa em sistemas complexos são aplicáveis em gestão pública, gestão ambiental, modelos políticos e epistemiológicos, e até no mercado financeiro e na moda."Como é uma aplicação de métodos, as áreas em que se pode trabalhar são bastante amplas. Depende da escolha da área da pesquisa", diz André Martins, presidente da Comissão de Pós-Graduação e Pesquisa da EACH. O importante, para ele, é que o pesquisador de outras áreas saiba usar as ferramentas para modelar. Com isso, pode entender o que poderia acontecer em determinado mercado, ambiente, momento político, grupo de opiniões etc. No entanto, o resultado desses estudos ainda são poucos usados na prática. "É algo que está começando. Essa aplicação de métodos matemáticos em problemas biológicos e sociais começa a ter um pouco mais de sucesso agora, no sentido de explicar o fenômeno e nãoo só de medir", explica Marins. Segundo ele, a criação de modelos tem se intensificado no mundo inteiro e a tendência é que os especialistas sejam capazes de lidar com problemas reais. Quem sabe, no futuro próximo, o trânsito seja algo mais previsível.Calendário: Inscrições: 18 de janeiro a 26 de fevereiroProva de seleção: 6 de marçoDivulgação do resultado da prova: 12 de marçoPeríodo de matrícula: 15 a 19 de março Início das aulas: 23 de marçoMais informações pelo telefone: 11- 3091 1037, através do e-mail: grife@usp.br ou pelo site: http://each.uspnet.usp.br/sistemascomplexos/(texto publicado no Portal USP online)


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