ICMC – Jornal da USP

Sou apenas um ponto no mapa do mundo quando visto à distância, cravado quase no centro do Estado de São Paulo, a cerca de 230 quilômetros da maior cidade da América Latina.

Lembro-me de cada um dos 6,6 mil estudantes que passaram por aqui ao longo dos meus 45 anos de vida. Na maior parte das vezes, quando eles chegam, o que vejo são olhos cheios de dúvidas e sonhos. Aos poucos, durante o convívio nas salas de aula, nos laboratórios, na biblioteca, na cantina, no famoso banco redondo que permeia o bloco 4, eles vão se transformando. Ao concluírem seus cursos e projetos, muitos decidem ir explorar outros pontos no mapa do mundo. Na despedida, descubro que eles ainda têm dúvidas e sonhos, mas já são capazes de encontrar as próprias respostas. É nesse momento que me sinto verdadeiramente um ponto singular: sei que eles se tornaram parte do que são porque aqui estiveram.

Há infinitas histórias de vida para contar. Tem um garoto peruano que me conheceu no último dia do ano de 1995, depois de viajar durante quatro dias de ônibus e trem, dormiu em um colchão emprestado na sala de estudos da biblioteca naquele Ano Novo e mudou a forma como as ciências de computação são ensinadas no Peru. Tem muito aluno que virou professor. Eles estão hoje trabalhando em universidades (dois deles se tornaram até reitores), institutos de pesquisa, empresas grandes e pequenas, muitas criadas por eles mesmos.

Este especial foi produzido para agradecer a todos que me conheceram de perto, quer sejam alunos, ex-alunos, professores, ex-professores, funcionários, ex-funcionários, gente da comunidade da região e do mundo. Se não fossem vocês, eu não me transformaria no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP e continuaria sendo simplesmente um ponto sem voz.