Entre os dias 2 e 5 de novembro de 2016, a Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP recebeu a 5ª Semana Global de Alfabetização Midiática e Informacional (Global Mil Week). O evento, anual e rotativo, foi organizado pela ECA em parceria com a Unesco (órgão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e teve a cidade de São Paulo escolhida como sede da edição de 2016. As edições anteriores da Global Mil Week foram realizadas na Espanha, Egito, China e Estados Unidos.
O evento surgiu com o objetivo de aumentar a consciência mundial sobre a temática da alfabetização midiática e informacional, além de promover a diversidade, o pluralismo, o diálogo intercultural e a igualdade. Para os organizadores, esse tipo de acontecimento inevitavelmente estimula a cooperação internacional sobre o tema, cria um espaço para compartilhamento de conhecimentos e pesquisas e fomenta o debate sobre o assunto. É também durante a Mil Week que os mais importantes projetos da área são apresentados à comunidade internacional.
A semana também se dedica, em grande parte, à maneira como o jovem imerge nos meios de comunicação digitais e como absorve as informações desses meios, de acordo com os organizadores. Num período em que a disseminação de conteúdo não é controlável, o jovem está exposto a todo tipo de informação e muitas vezes não dispõe de mecanismos para discernir o que é real, o que é falso e o que é necessário.
Segundo a professora Esther Hamburger, representante da ECA na Global Mil Week, os jovens estão constantemente em contato com a violência e o discurso de ódio através das redes sociais, e é também função da Global Mil Week trabalhar para entender esses comportamentos e combatê-los. “No Brasil, estamos apegados à discussão sobre a democratização do acesso à internet e os critérios para navegação. Em eventos como a Mil Week, vemos que outros países já se preocupam com o contato que o usuário jovem tem com a violência e os discursos de ódio nas redes sociais”, afirma a professora.
Esther acredita que a discussão sobre a maneira como os jovens utilizam as redes sociais é pouco feita no País e a participação dos jovens nesse processo é imprescindível. “Os jovens estão demandando escolas que valorizem os conhecimentos e experiências que eles próprios absorvem do mundo”, aponta. Sobre a conjuntura da juventude brasileira, Esther ressalta que “este é um momento para ouvi-la e tentar apreender algo. Falamos muito sobre a construção compartilhada do conhecimento e há muito que os jovens podem ensinar aos professores sobre as novas mídias”.
Sobre a relevância da Mil Week, a professora da ECA salienta que um dos pontos mais importantes é que o evento não é estritamente acadêmico. “Contamos com a participação de muitos professores, dos mais diversos países, o que enriquece enormemente a discussão. Mas também recebemos diversos pratictioners, ou pessoas que trabalham diretamente com meios de comunicação e educação”, comenta. Ela lamenta, por outro lado, a baixa participação dos alunos da USP.
Esther aponta ainda que a parceria com a Unesco foi fundamental para garantir o caráter internacionalista da Semana. “Um professor do Laos, por exemplo, nos apresentou a proposta de um intercâmbio para alunos e professor, o que seria extremamente enriquecedor para ambos os países”, avalia a professora. Outro fator determinante, segundo Esther, é o balanceamento de gênero, etnia e nacionalidade proposto pela Unesco. Segundo ela, jamais haverá em um painel somente homens, somente brancos ou somente brasileiros, justamente pelo esforço de igualdade apresentado pelo órgão.
A Global Mil Week foi organizada por uma comissão local liderada pelo professor Gilson Schwartz, da ECA.