Passeios fotográficos de Gilberto Freyre e seu irmão ganham palestra

Baseada em dissertação de mestrado elaborada na USP, apresentação ocorre no dia 11, em São Paulo

 09/08/2017 - Publicado há 7 anos
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Visão da Ponte da Aurora, em Recife, com bonde puxado a cavalo – Foto: Ulysses Freire

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As saídas fotográficas de bicicleta feitas pelo sociólogo, historiador e ensaísta Gilberto Freyre ao lado de seu irmão, Ulysses Freyre, são tema de palestra no Centro de Pesquisa e Formação (CPF) do Sesc. O evento acontece nesta sexta-feira, dia 11, das 14 às 16 horas.

A apresentação será realizada pela jornalista e fotógrafa Luciana Cavalcanti e terá como base a sua dissertação de mestrado, apresentada em 2016 no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP. No trabalho, intitulado Diários fotográficos de bicicleta em Pernambuco: os irmãos Ulysses e Gilberto Freyre na documentação de cidades na década de 1920, Luciana estudou 84 fotografias feitas entre 1923 e 1925 por Ulysses, em excursões dominicais realizadas com o irmão.

Detalhe de portas e janelas de balcões de casarão antigo – Foto: Ulysses Freyre

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Da esquerda para a direita: Ulysses Freyre, o amigo Carlos Lemos e Gilberto Freyre – Foto: Reprodução/autoria desconhecida

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Os passeios e registros se inserem no contexto da volta de Gilberto Freyre ao Brasil, após cinco anos de estudos nos Estados Unidos. Durante as saídas de bicicleta, Ulysses registrou prédios e ruas das cidades pernambucanas de Olinda e Recife. De acordo com Luciana, o objetivo dessas empreitadas era fotografar edificações que, para Gilberto Freyre, iriam provavelmente desaparecer com as intensas reformas urbanas em andamento na década de 1920.

Ulysses Freyre, em retrato de família de janeiro de 1917 – Foto: Reprodução via Luciana Cavalcanti

“Saíam juntos”, explica a pesquisadora, “porque andar pela cidade de bicicleta já era um hábito que ambos tinham e porque o olhar fotográfico do que supostamente poderia ser derrubado era do sociólogo Gilberto Freyre, mas quem manuseava a câmera fotográfica era seu irmão, Ulysses.”

Esse material foi usado depois por Gilberto Freyre como base dos desenhos do artista visual Manoel Bandeira (não confundir com o poeta Manuel Bandeira) para o Livro do Nordeste, publicação organizada pelo sociólogo em 1925, em homenagem ao centenário do Diário de Pernambuco.

“Foi um compêndio-manifesto que uniu vários intelectuais nordestinos de diversas áreas: poesia, geografia, literatura”, conta Luciana. “Vale salientar que este não é o livro Nordeste, publicado também por Gilberto Freyre, mas sim esse outro quase desconhecido, com intenções claras de manifesto regionalista.”

A Casa do Carrapicho, onde moraram os irmãos Freyre após o retorno de Gilberto Freyre ao Brasil e onde foi finalizado o livro Casa Grande & Senzala – Foto: Ulysses Freyre

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Outro destino das fotografias foi participar do primeiro inventário estadual de monumentos nacionais, publicado em 1928 pelo criador do Museu do Estado de Pernambuco, o jornalista e professor Aníbal Fernandes. “As fotos de Ulysses compuseram de maneira pioneira um inventário no Brasil sobre patrimônio edificado da arquitetura civil e religiosa e elementos do ambiente interno arquitetônico de casas e igrejas, incluindo objetos e móveis”, analisa a jornalista.

Sobrado da Rua do Amparo, em Olinda – Foto: Ulysses Freyre

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Conforme escreve Luciana em seu trabalho, as fotografias de Ulysses servem como “artefato de memória propulsor do embrionário projeto político-intelectual de Gilberto nesse período”. Os documentos se encontram hoje na Fundação Gilberto Freyre, em Recife.

As inscrições para o evento podem ser feitas nas unidades do Sesc de São Paulo ou no site do CPF (centrodepesquisaeformacao.sescsp.org.br). Os ingressos custam de R$ 4,50 a R$ 15,00.
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