Jaime Cortesão é tema do Colóquio Mindlin

Em palestra na Biblioteca Brasiliana, professora da USP conta as contribuições do historiador e erudito português para a história

 22/06/2016 - Publicado há 8 anos     Atualizado: 23/06/2016 as 16:31
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Jaime Zuzarte Cortesao - Foto: Wikimedia Commons
Jaime Cortesão – Foto: Wikimedia Commons

No dia 20 de junho, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin ofereceu mais uma edição do Colóquio Mindlin. Desta vez, o tema foi o historiador português Jaime Cortesão (1884-1960), apresentado pela professora Vera Lucia Amaral Ferlini, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

“Agitador cultural, patriota e pesquisador da história luso-brasileira”, nas palavras de Vera Lucia, Jaime Cortesão formou-se, primeiro, em Medicina pela Universidade de Coimbra, em Portugal, de onde tirou as habilidades necessárias para servir na Primeira Guerra Mundial como voluntário no Corpo Expedicionário Português, posto que lhe rendeu uma condecoração. Segundo Vera Lucia, Cortesão foi um “grande erudito e literário” e participou, com outros intelectuais, da fundação da revista Nova Silva, além de colaborar com outras revistas. Foi diretor da Biblioteca Nacional de Lisboa por sete anos, até ser demitido na época da ascensão da ditatura salazarista, por ser integrante de uma tentativa de derrubar o regime. “Ele vivenciou vários momentos conturbados da história de Portugal, como o bloqueio do Porto de Lisboa pela Inglaterra, a Primeira Guerra Mundial e a ascensão dos movimentos fascistas na Europa”, comentou a professora.

Vera Lucia Amaral Ferlini - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
A professora Vera Lucia Amaral Ferlini, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Depois de demitido, como contou Vera Lucia, Cortesão intercalou sua estadia entre a França e a Espanha, até voltar para Portugal e ser preso. Nesse episódio, ele consegue ser exilado para o Brasil, onde começa a estudar a expansão portuguesa nas Américas. “Ele se dedicou aos limites da expansão territorial de Portugal”, acrescentou a palestrante.

Uma das publicações do português elogiadas por Vera Lucia foi Fundação de São Paulo: Capital Geográfica do Brasil (1958). “É impressionante a minúcia de mapas, cartas e outros documentos que fazem menção à movimentação de Martim Afonso”, elogiou. Martim Afonso foi um nobre e militar português, responsável pelas expedições colonizadoras em terras tupiniquins e fundador da primeira vila do Brasil, a Vila de São Vicente.

Túmulo de Jaime Cortesão no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa - Foto: Wikimedia Commons
Túmulo de Jaime Cortesão no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, Portugal – Foto: Wikimedia Commons

Vera Lucia ainda destacou a preocupação de Jaime Cortesão com a questão Platina, que focou durante seus estudos cartográficos. Estes se tornaram de “extrema importância” para entender a expansão portuguesa no Brasil e para a compreensão da história cartográfica, acrescentou a professora.

Segundo ela, Cortesão tinha uma posição favorável à colonização de Portugal no Brasil, que ele diferenciava das que aconteceram depois. “Para ele, o que aconteceu no Brasil tratou-se de uma colonização com motivos geopolíticos, que resultou em um acervo conjunto”, afirmou Vera Lucia.


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