Escola de Arte Dramática apresenta a peça “O Preceptor”

Com participação de 16 alunos, o espetáculo – que será realizado de 9 de novembro a 4 de dezembro – marca o encerramento do semestre letivo da 66ª turma da EAD

 04/11/2016 - Publicado há 7 anos
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Luiz Felipe Bianchini e Walmick Campos, alunos da EAD no ensaio da peça O Preceptor - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
Luiz Felipe Bianchini e Walmick Campos, alunos da EAD, no ensaio da peça O Preceptor – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

De 9 de novembro a 4 de dezembro, será exibida a peça O Preceptor, no Teatro Laboratório da Escola de Arte Dramática (EAD) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. O espetáculo marca o encerramento do semestre letivo da 66ª turma da EAD e conta com a direção do professor Antônio Rogério Toscano. Além dos 16 estudantes da turma, um pianista e um violoncelista de fora da escola fazem parte da apresentação.

Luisa Romão e Maria Eduarda Machado, aluna da EAD no ensaio da peça O Preceptor - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
Luisa Romão e Maria Eduarda Machado, aluna da EAD, no ensaio da peça O Preceptor – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

O texto que deu origem à peça foi escrito originalmente por Jakob Lenz, em 1774, e utilizado por Bertold Brecht, em 1951, numa montagem que pretendia traçar um paralelo entre a narrativa de Lenz e os então recentes acontecimentos da Alemanha nazista. Toscano e os alunos da EAD trazem um novo texto, com matriz nesses dois excertos clássicos, que molda as análises de O Preceptor para o atual momento político do País. Os atores se inspiraram nos retrocessos políticos recentes e na castração do sujeito pelas forças sociais conservadoras para externalizar suas angústias e sentimentos em relação ao cotidiano do Brasil e da Universidade.

Segundo Antônio Rogério Toscano, diretor geral da peça, o texto impactou-o e aos alunos por conta do contexto de involuções sociais, ocupações de escolas e sucateamento da Universidade observável por eles. “Nós fizemos, a princípio, uma série de estudos sobre esses textos. Propus então aos alunos que reescrevessem esse material, adaptando-o às suas visões, de maneira autoral”, comenta Toscano. O professor chamou esse processo imersivo de “mergulho”. Posteriormente, os estudantes e autores realizaram o que o diretor batizou de “gritos”: processo poético e cênico no qual todos desabafavam, de acordo com sua urgência e necessidade, sobre as temáticas que os cercavam, como a greve estudantil deflagrada no final do primeiro semestre.

Toscano explica ainda que a adaptação textual não precedeu os “mergulhos” e “gritos”. “Nós fizemos uma apropriação cênica dos textos originais e essa apropriação gerou o discurso espetacular que apresentaremos.” Dessa forma, cenas que fazem parte do repertório original da peça não serão representadas, enquanto outras tantas, externas ao roteiro primitivo, serão agregadas ao espetáculo.

Sobre a atualização de textos clássicos, a aluna e atriz Raquel Parras acredita que “é função do artista fazer a ligação entre os textos tradicionais e o cotidiano, as questões sociais”. Raquel comenta que não só o período de greve que atingiu os estudantes como também os retrocessos culturais, como a extinção do Ministério da Cultura, fizeram com que a temática do texto aflorasse durante o processo.

Antonio Rogério Toscano, professor de História do Teatro Ocidental da EAD e diretor da peça O Preceptor - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
Antônio Rogério Toscano, professor de História do Teatro Ocidental da EAD e diretor da peça O Preceptor – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Danilo Martins, também aluno e ator na peça, acredita que o fato de atuar ao lado de colegas de classe é positivo, uma vez que permite “identificar e desenvolver as afinidades artísticas que reverberam no palco”. Segundo ele, como o processo de criação foi extremamente espontâneo e colaborativo, a intimidade e a relação com os colegas permitiu que o roteiro fosse criado de maneira mais natural e orgânica.

A peça O Preceptor será exibida de 9 de novembro a 4 de dezembro, de quarta-feira a sábado, às 20 horas, e aos domingos, às 19 horas, no Teatro Laboratório da Escola de Arte Dramática (EAD) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP (Avenida Professor Luciano Gualberto, travessa 3, nº 380, Cidade Universitária, em São Paulo). Entrada grátis. A bilheteria abre todos os dias, uma hora antes da apresentação. A duração prevista é de 180 minutos e a classificação etária é de 18 anos.


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