“As Bibliotecas de Maria Bonomi” estão nas mãos dos leitores

Livro reúne gravuras da artista e texto de Marisa Midori numa viagem pelas bibliotecas do mundo

 25/10/2017 - Publicado há 6 anos
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Exposição As Bibliotecas de Maria Bonomi reuniu, em maio, matrizes e impressões – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

São duas leitoras na inquietude de descobrir a história e a beleza das bibliotecas mais importantes do mundo. A artista Maria Bonomi tem, na sua vida de menina, o orgulho de ter sido bibliotecária no colégio feminino das Cônegas de Santo Agostinho. E Marisa Midori também conta uma história entre os livros que a levou a ser professora de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Ambas saíram observando e registrando bibliotecas como a Joanina, da Universidade de Coimbra, do século 18, a do Trinity College, fundada em Dublin pela rainha Elisabeth I, em 1592, e ainda a Bibliotheca Ambrosiana, de 1609, em Milão, entre tantas outras.

A viagem da artista resultou nas gravuras que estão sendo apresentadas no livro As Bibliotecas de Maria Bonomi. E a da professora, nos textos que destacam os detalhes de cada imagem. A experiência do editor, o professor da ECA Plínio Martins Filho, e o projeto gráfico de Gustavo Piqueira também estão impressos nas 64 páginas da edição das Publicações BBM, da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da USP.

Biblioteca Marciana, 1564 – Veneza, Itália

No prefácio, Marisa Midori descreve: “Domos, cúpulas, cimalhas, colunas, janelas, portais, salões, alcovas, desvãos, corredores, galerias, armazéns, subterrâneos, armários, estantes, correntes, pinturas. Talhas, pedra, mármore, granito, ferro, espelhos, vidro, aço… as arquiteturas das bibliotecas evocam o que há de mais avançado em termos de construção civil, no presente e no passado”.

Os traços de Maria Bonomi são recursos narrativos ou releituras de formas variadas que não se esgotam.”

Marisa Midori apresenta a sua pesquisa sobre a história das bibliotecas contextualizando cada um desses espaços com a história das civilizações. “Na ausência de uma imagem que tenha fixado o modelo daquele antigo templo dos livros que o homem destruiu, mas que não se apagou da memória das civilizações, toda biblioteca se converteria, por extensão, em uma releitura do museu alexandrino”, explica. “As primeiras bibliotecas que compõem esse volume testemunham a grandeza dos palácios reservados aos livros na Renascença italiana.”

Strahovska Knihovna, 1783-1786 – Praga, República Tcheca

Esses espaços que “guardam a memória do mundo” se multiplicam no decorrer dos séculos. “Novas bibliotecas surgem todos os anos, por todas as partes, desafiando as leis do espaço e as tecnologias de informação e comunicação”, observa. “Alguns edifícios parecem planar sobre as cidades, outros se convertem nas próprias cidades.”

Capa do livro As bibliotecas de Maria Bonomi – Reprodução

O livro, no entanto, não pretende discutir a arquitetura, mas destacar os traços da artista e leitora no universo das bibliotecas. “Os traços de Maria Bonomi são recursos narrativos ou releituras de formas variadas que não se esgotam. Pelo contrário, suas bibliotecas se multiplicam ao infinito.”

Junto com o livro, o leitor recebe também um catálogo com as imagens da exposição Bibliotecas de Maria Bonomi, que reuniu matrizes e impressões de 23 gravuras e também os livros ilustrados pela artista no decorrer de sua trajetória. A exposição foi apresentada em maio na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. O catálogo traz também uma entrevista da artista concedida a Mayra Laudanna, professora do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP.

Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, 2013, São Paulo, Brasil

New York Public Library, 1911 – Nova York, Estados Unidos

As Bibliotecas de Maria Bonomi, de Marisa Midori (texto) e Maria Bonomi (gravuras), Publicações BBM, 64 páginas, R$ 68,00.


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