Animação produzida pela USP é eleita a melhor da América Latina

Curta feito por alunos de Audiovisual ganha prêmio dado por associação internacional de escolas de cinema

 30/08/2017 - Publicado há 7 anos
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O filme foi feito em rotoscopia, técnica em que os desenhos são feitos por cima das imagens dos personagens reais – Imagem: Divulgação

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Eles tinham um mar de sonhos no horizonte. Sonhos de estudantes do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Queriam criar, desenhar, filmar, ter superpoderes. E conseguiram. Transformaram esse mar em Oceano, que acaba de ser eleito o melhor filme de animação da América Latina em 2017 pela International Association of Film and Television Schools, uma associação internacional de escolas de cinema fundada em Cannes, na França, em 1955.

Sob a direção do paulistano Renato Duque, 25 anos, Oceano estreou no 12th Animfest Athens, na Grécia, em março deste ano. “O prêmio foi uma grata surpresa”, observa o diretor, com orgulho. “É um reconhecimento importante, o primeiro que recebemos e, vindo de um júri especializado em filmes universitários, é ainda mais especial. Concorremos com muitos filmes bons do mundo inteiro. Estamos contentes porque Oceano conseguiu tocar pessoas de lugares tão distintos.”

Filme conta a história da menina Luna, que tem o superpoder de controlar a água – Imagem: Divulgação

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O filme nasceu como um trabalho de conclusão de curso. As personagens e as imagens já povoavam a imaginação do diretor. “Assim que tivemos oportunidade de propor um curta-metragem dentro do curso, já me reuni com a Mariana Vieira e o Felipe Santo para fazer a animação”, conta. “À medida que eu e o Felipe começamos a desenvolver o roteiro, passamos a entender a relação que tínhamos com a imagem do herói. Se tivéssemos superpoderes, será que usaríamos capa e máscara e iríamos salvar as pessoas pelas ruas?” Os dois pensaram, repensaram. “Existe um dever moral acerca dos poderes que temos?”

A equipe de produção de Oceano: sonho realizado – Foto: Divulgação

Foi a partir desses questionamentos que o filme foi tomando forma. Oceano narra a história da menina Luna, que tem o superpoder único de controlar a água. Quando vê um menino se afogando, ela reflete sobre esse dom sobrenatural. Como usá-lo? O que fazer para salvar o planeta, com sua atual crise hídrica?

Para essa criação, os integrantes da equipe de produção desenvolveram uma longa pesquisa. Observaram os curtas brasileiros dos anos 90, feitos em rotoscopia – técnica em que os desenhos são feitos sobre as imagens obtidas de personagens humanos. Voltaram à infância quando assistiram a Sailor Moon, escrito por Naoko Takeuchi, que mostra adolescentes normais que ganham poderes mágicos e passam a combater o mal. Outra referência japonesa é Sakura Card Captors, com a história de Sakura Kinomoto, uma garota que abre um livro de onde saem cartas mágicas.

O diretor Renato Duque lembra de outras referências de grandes cineastas. “Há vários que me influenciaram, como Akira Kurosawa, Sofia Coppola, François Truffaut e Yasujiro Ozu, entre outros.”

Animação em rotoscopia

Filmagens que serviram de base para o filme foram feitas na Praia do Tombo, em Guarujá, no litoral paulista – Imagem: Divulgação

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Equipe de cerca de 30 pessoas participou da produção de Oceano – Imagem: Divulgação

Uma equipe de quase 30 pessoas participou da filmagem e montagem de Oceano. Renato Duque optou pela animação em rotoscopia. “Este é um processo de se desenhar sobre um material previamente filmado. Nós gravamos e filmamos com os atores e atrizes na Praia do Tombo, no Guarujá, litoral paulista, e também no estúdio. Depois, pegamos e desenhamos todo esse material frame a frame. O filme é uma mistura de técnicas. Os personagens foram animados com pintura digital e os cenários são todos pinturas reais em aquarela.”

Renato Duque explica que a gravação, animação e colorização na rotoscopia são interligadas e dependentes. Oceano tem a duração de 15 minutos. As cenas têm uma sequência que junta o cotidiano dos personagens conversando em uma sala, ao redor da mesa, à poesia da natureza. Há instantes de muita conversa e outros de silêncio, em que imperam sons do mar e de pássaros. A protagonista, apesar do superpoder, tem uma personalidade intimista. Está sempre reflexiva. Na caminhada pela praia, o espectador tem uma sequência mágica de cores e desenhos. E pode contemplar o mar com a protagonista Luna.

Veja o trailer do filme:

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