Interoceânica permitiu crescimento do comércio entre Brasil e Peru

Ligação entre Brasil e Peru pela nova rodovia em 2011 fortaleceu o crescimento regional nos dois países

 28/06/2017 - Publicado há 7 anos
Estudo mostra que fluxo comercial entre Brasil e Peru aumentou por transporte rodoviário a partir de 2011, quando a Interoceânica começou a operar em sua totalidade – Foto: Lukaskk via Wikimedia Commons / CC BY 3.0

Cresceu o fluxo comercial entre Brasil e Peru após a integração física proporcionada pela rodovia Interoceânica, que liga o Estado do Acre ao litoral do Peru. O comércio entre os dois países continua mais expressivo pelos transportes aéreo e marítimo, mas, após 2011, quando a rodovia começou a operar em sua totalidade, houve aumento de 3% nas exportações brasileiras e 5% nas peruanas, somente pelo modo rodoviário.

Para Jorge Luis Sánchez Arévalo, que acaba de finalizar estudo sobre o tema na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (Fearp) da USP, essas informações confirmam a importância da integração e a facilitação do comércio, sustentado pela “teoria do comércio internacional”, mais especificamente com relação ao “novo regionalismo”. Arévalo explica que “o fortalecimento das relações bilaterais e de comércio pode servir de impulsor para o crescimento de regiões pouco desenvolvidas de ambos os países”.

E foi o que o pesquisador afirma ter encontrado com os benefícios da integração física (rodovia) sobre o fluxo de comércio, principalmente para os Estados por onde a Interoceânica passa, “ainda que o fluxo não seja tão homogêneo nos Estados do Peru quando comparados com os do Brasil”, diz o pesquisador.

O estudo considera, além do Acre, os Estados de Rondônia e Mato Grosso, que eram vinculados à rodovia e que também seriam beneficiados pela Interoceânica. A pesquisa aponta que houve média de crescimento porcentual de comércio, entre 2008 e 2015, nos três Estados. No Acre, o crescimento foi de 481%, com aumento do fluxo de transporte rodoviário, representando aproximadamente 99%.

Em Rondônia, a média de crescimento foi de 140%, com crescimento de 87% no transporte rodoviário para exportação. Já no Estado de Mato Grosso, o crescimento de comércio foi de 32%, com aumento de fluxo rodoviário de 11% entre 2013 e 2015. “Os resultados indicam evidências de que a renda, a distância e o efeito fronteira, por meio da estimação de um modelo gravitacional, explicam em grande medida a determinação do fluxo de comércio entre os dois países”, comenta Arévalo.

O estudo ainda demonstra que existe um interesse em fortalecer as relações de fronteira, gerando fluxo de comércio nas regiões consideradas mais carentes em termos de renda e infraestrutura nos dois países. Para o pesquisador isso comprova a teoria da qual a tese parte, que é a teoria do comércio internacional com foco no novo regionalismo. “Essa teoria se insere no contexto dos esforços que diversos países, neste caso da América do Sul, realizam visando a promover políticas para o crescimento econômico e fortalecimento bilateral por meio da integração regional”, explica Arévalo.

Essa integração física entre Brasil e Peru começou no início dos anos 2000 com a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA),  projeto que busca conectar os países da América do Sul nas áreas de transporte, energia e telecomunicações. Os produtos que passam pela rodovia vão desde produtos primários, como soja, carne e minério de ferro, até produtos industrializados. No estudo se descarta a possibilidade de a rodovia servir como meio para o escoamento das exportações do Brasil ao mercado asiático.

A tese Análise econômica das relações entre Brasil e Peru: evidências da Rodovia Interoceânica sobre a integração foi defendida em abril deste ano, com orientação do professor Edgard Monforte Merlo, do Departamento de Administração da Fearp.

Lívia de Oliveira Furlan, de Ribeirão Preto

Mais informações: e-mail jlsarevalo@fearp.usp.br ou jsarevalo@hotmail.com


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