Cientista da Inglaterra fala de inovações para um “futuro verde”

Famoso por canal de ciência no Youtube, Martyn Poliakoff participou de encontro de química

 01/02/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 03/02/2017 as 12:39
Foto: Assessoria de Comunicação da Pró-Reitoria de Pesquisa
Palestrante incentivou estudantes a “fazerem diferença no futuro do mundo através da química” – Foto: Assessoria de Comunicação da Pró-Reitoria de Pesquisa

A USP recebeu nesta semana a visita do professor Martyn Poliakoff, da Universidade de Nottingham, Inglaterra. Famoso por seus divertidos vídeos não acadêmicos sobre química, postados no canal Periodic Videos, o professor realizou o primeiro USP Lecture do ano de 2017, organizado pelo Instituto de Química (IQ) em parceria com a Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP).

A palestra integrou ainda a programação da 35ª edição do Encontro Nacional dos Estudantes de Química, que reuniu na USP estudantes de química de todo o País. O tema abordado foi a fotoquímica para um futuro verde.

Em sua fala, Poliakoff ressaltou a importância da chamada “green chemistry”, ou química verde, que consiste em conceber pesquisas e soluções inteligentes que permitam formas de produção mais limpas e sustentáveis de compostos químicos e materiais.

O professor é criador de um famoso canal no Youtube
O professor é criador de um famoso canal on-line de divulgação científica  – Foto: Wikimedia Commons

Um laboratório pautado por estes ideais, do qual ele mesmo participa, possui 75% menos gasto de energia do que outros laboratórios comuns, disse Poliakoff.

O professor é especialista em fluidos supercríticos, ou seja, gases comprimidos a alta pressão quase a ponto de se tornarem líquidos. Por suas especificidades físico-químicas — em geral não inflamáveis ou atóxicos—, este tipo de material funciona, segundo Poliakoff, como um ótimo solvente para diversas reações químicas e atua de maneira menos nociva do que os processos comumente utilizados, aliando sustentabilidade à eficiência.

O professor tratou ainda do uso da fotocatálise, ou seja, da utilização da luz – de LED ou natural – para a ativação de reações químicas. Como exemplo, citou pesquisa sobre um composto antimalária, que para ser produzido utiliza a luz do sol como catalisadora, o que é não só eficiente e sustentável, mas também economicamente viável, sobretudo em países tropicais e com menos recursos, justamente aqueles que mais padecem com a doença.

Dessa forma, a química verde se torna um horizonte possível, a despeito de dificuldades e obstáculos. Para o professor, academia e indústria podem e devem trabalhar juntas no desenvolvimento de novas tecnologias e métodos, e, para tanto, é apenas necessário que cada qual tenha seu lugar e especificidade respeitados.

Aos estudantes que o assistiam, fez um apelo final: “Vocês me veem aqui, como um professor, de cabelos brancos, possivelmente um professor ‘famoso’. E vocês estão todos sentados aí, como estudantes. Agora, a razão por eu ser um professor e vocês alunos, é porque eu sou velho e vocês são jovens. E o que vocês devem perceber, é que vocês – talvez muitos de vocês – são bem mais espertos do que eu. E vocês não devem sentir, quando estão na frente de professores, ‘eu nunca serei assim’. Vocês são provavelmente muito melhores do que eu, e por isso vocês devem se aproximar da química de uma maneira muito positiva, percebendo que vocês podem fazer uma enorme diferença no futuro do mundo, através da química”.

A gravação completa da palestra pode ser encontrada no facebook da Pró-Reitoria de Pesquisa.

Da Assessoria de Comunicação da Pró-Reitoria de Pesquisa


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