Pesquisa avalia danos em cabelos tingidos e alisados simultaneamente

Os procedimentos conjuntos podem ser incompatíveis e danificar a estrutura da fibra capilar

 15/03/2017 - Publicado há 7 anos
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Departamento de Cosmetologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Departamento de Cosmetologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

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O uso frequente de produtos químicos nos cabelos agride a fibra capilar dos fios, principalmente quando estes são utilizados simultaneamente, como é o caso da realização de alisamento e coloração no mesmo período. Com a perda de proteínas, os cabelos ficam com uma aparência sem vida, quebradiços e desidratados. Uma pesquisa do Laboratório de Cosmetologia, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, avaliou alguns tipos de alisantes, à base de guarnidina, tioglicolato de amônio e hidróxido de sódio e verificou quais destes produtos são mais recomendados quando se deseja fazer dois procedimentos concomitantemente.

O Brasil é o quarto mercado consumidor de produtos de beleza do mundo. A característica do cabelo da população brasileira é bem variada, com uma tendência maior para o encaracolado, ficando entre as extremidades do liso e o afro-étnico (crespo). Como hábito cultural, a mulher, independentemente da classe social, vai ao salão ou realiza algum procedimento doméstico pelo menos uma vez por mês. A tintura e o alisamento estão entre os mais frequentes. O uso concomitante dos produtos leva os fios a ter uma perda proteica.

Característica do cabelo da população brasileira é bem variada, com uma tendência maior para o encaracolado – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Segundo Maria Valéria Robles Velasco, coordenadora do Laboratório de Cosmetologia e orientadora da pesquisa, a proposta do estudo foi avaliar a extensão dos danos provocados pelo tratamento com tintura capilar oxidativa conjuntamente com os três produtos mais utilizados nos salões de cabeleireiros e que trazem em sua composição o tioglicolato de amônio, o hidróxido de sódio e o hidróxido de guarnidina.

O estudo foi conduzido pela pesquisadora por ela orientada Simone Aparecida da França e mediu a concentração de perda proteica (queratina) em oito grupos de amostras de cabelos cacheados quimicamente tratados. As mechas foram subdivididas em quatro e, posteriormente, submetidas ao processo de alisamento e aplicação de tintura castanho médio, em forma de emulsão: subgrupo 1- cabelo virgem (sem tintura/com tintura); subgrupo 2 – cabelo com Tioglicolato de Amônio (com e sem tintura); subgrupo 3 – Com Hidroxido de Guarnidina (com e sem tintura); subgrupo 4 – Hidróxido de sódio (com e sem tintura).
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Maria Valeria Robles Velasco, do Departamento de Cosmetologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Maria Valeria Robles Velasco, do Departamento de Cosmetologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

De acordo com os resultados da pesquisa, os três tipos de alisamento promoveram perda proteica consideravelmente alta se comparados ao cabelo virgem: cerca de 159% para o tioglicolato de amônio, 187% para o hidróxido de Guarnidina e 276% para o Hidróxido de Sódio. Quando são considerados o uso dos dois produtos concomitantemente, o Hidróxido de Sódio foi o que mais promoveu perda de proteína, cerca de 207%, seguido pelo Hidróxido de Guarnidina, 79%, e Tioglicolato de Amônio, 73%.

O estudo demonstrou que o processo de alisamento seguido de tingimento que mais ofereceu segurança foi o alisante que contém o princípio ativo de Tioglicolato de Amônio. Embora a pesquisa também tenha concluído que tanto a aplicação da tintura quanto dos diferentes tipos de alisantes alteraram as características da fibra capilar. Segundo a pesquisadora, para recuperar a saúde dos cabelos e a reconstrução da estrutura dos fios, é necessário repor a queratina, a principal proteína formadora dos fios. No mercado, existem inúmeros produtos que prometem fazer esta reposição proteica.

Além deste tema, o Laboratório de Cosmetologia da FCF da USP trabalha com outros projetos de pesquisa como a avaliação da ação condicionadora de tinturas capilares, testes de eficácia cosmética de filtros e protetores solares, nanotecnologia aplicada a produtos cosméticos, tinturas, alisantes, dentre outros. A coordenação dos trabalhos é dos pesquisadores Maria Valéria Robles Velasco e André Rolim Baby.
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Mais informações: (11) 3091-3623, e-mail mvrobles@usp.br, com a professora Valéria Velasco


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