Exposição “A Pele Enferma” conecta a arte ao mundo científico

A mostra reúne quarenta peças em cera, produzidas pelo artista plástico Augusto Esteves entre as décadas de 30 e 50, representando as principais doenças dermatológicas existentes naquela época

 20/12/2016 - Publicado há 7 anos
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A visitação é gratuita e aberta ao público em geral – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Está aberta para visitação pública, no Museu Histórico da Faculdade de Medicina (FMUSP) da USP, a exposição A Pele Enferma, que reúne quarenta peças em cera de partes do corpo humano, do artista plástico Augusto Esteves. Representando um dos maiores acervos de ceroplastia da América Latina, a mostra explicita o diálogo entre a arte e o mundo científico. Ao mesmo tempo, tem um caráter histórico, ao revelar as preocupações médicas com relação às doenças dermatológicas que atingiam a população nas décadas de 1930 e 1950, quando as peças foram confeccionadas para fins didáticos.

Dividida em blocos, o primeiro deles trata da vida e obra de Esteves, que, segundo consta em registros de sua própria biografia, foi contratado pela FMUSP em 1930 para produzir as peças que representavam o corpo humano ou partes dele. O objetivo, na época, é que elas fossem utilizadas para dar maior concretude às doenças que eram estudadas nas aulas de Medicina, Dermatologia e Medicina Legal.

reg. 448-16 FM - Faculdade de Medicina. Museu Histórico Prof. Carlos da Silva Lacaz. Exposição "Pele Enferma". 2016/12/16 Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Peças eram utilizadas para dar maior concretude às doenças que eram estudadas nas aulas – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Baseado em um modelo francês, o professor João de Aguiar Pupo, responsável por contratar o artista plástico para a FMUSP, encontrou inspiração para montagem do acervo durante suas viagens à França. “Pupo mantinha intenso contato com o médico dermatologista Ferdinad-Jean Darier, chefe do Departamento Clínico do Hôpital Saint-Louis, onde na época havia uma importante coleção ceroplástica científica”, relata André Mota, historiador e coordenador do Museu Histórico. “A pedido do professor Pupo, Esteves deu início à coleção de desenhos em aquarelas das doenças e às peças de cera.”

Antes da experiência na USP, Esteves passou por outras instituições importantes de pesquisa, como o Instituto Butantan. Deste período, a exposição apresenta uma coleção de desenhos de cobras e serpentes que serviam para identificação e catalogação das espécies para posteriores estudos.

Exposição "Pele Enferma" - 2016/12/16 Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Bloco O Museu Ceroplástico – o corpo, as doenças e suas representações concentra as principais peças da exposição – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

No bloco O Museu Ceroplástico – o corpo, as doenças e suas representações encontram-se as principais peças da exposição. Neste espaço, as peças fazem um retrospecto das doenças mais significativas que atingiam as pessoas naquela época, tanto no meio rural quanto no urbano. Esteves trabalhou especificamente para as cátedras da Medicina Legal e Dermatológica.

No campo das doenças, foi dada destaque à sífilis, enfermidade que preocupava as classes médicas e de pesquisadores, na época, pelas graves consequências que traziam à vida humana. A doença, quando não tratada adequadamente, pode afetar o cérebro, os nervos, os olhos, o coração, além de outros órgãos. Na exposição, a enfermidade é apresentada quando esta se manifesta na pele ou em partes do corpo humano – lesões linguais, feridas no rosto, fissuras e rachaduras na pele. No caso da sífilis congênita, transmissível de mãe para filho, as lesões podem ser conferidas na pele de recém-nascidos.

Exposição "Pele Enferma". André Mota, Coordenador do Museu - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
André Mota, coordenador do museu – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Segundo o coordenador do museu, embora a ceroplastia tenha perdido a função didática na atualidade, as peças ganham relevância dentro do campo da história da ciência. “Elas podem ser vistas como fontes para compreensão da formação das especialidades médicas e como representação do corpo, de suas partes e das doenças”, conclui.

O museu tem acessibilidade às pessoas com deficiência, mobilidade reduzida, bem como com deficiência visual, auditiva e baixa visão. Além disso, todos os textos e vídeos são apresentados em português e inglês.

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O Museu Histórico Professor Carlos da Silva Lacaz, da Faculdade de Medicina da USP, estará aberto de segunda à sexta, feira, das 8 às 17 horas. Está localizado na Av. Dr Arnaldo, 455, 4º andar. A chegada ao local pode ser feita via Metrô Clínicas. A visitação é gratuita e aberta ao público em geral.

Mais informações, (11) 3061-7249 ou acesse o site do Museu Histórico da Faculdade de Medicina .


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