Pesquisa revela ação de proteína essencial no combate a infecções

Descoberta pode ajudar na futura criação de medicamentos contra doenças infecciosas

 25/07/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 24/04/2018 as 10:56
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Moléculas identificadas no estudo atuam para impedir a proliferação de bactéria. Na imagem, os macrófagos (células que ingerem micróbios invasores) aparecem em verde, os núcleos dos macrófagos em azul e o inflamassoma (complexo de proteínas que atua no sistema imunológico) em vermelho – Foto: Divulgação / FMRP

Artigo de capa na prestigiada revista Cell Reports, de autoria de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, revela a ação de uma proteína essencial para o combate de infecções no corpo humano. O trabalho acaba de ser publicado e mostra que a proteína AIM2 induz a ativação do receptor NLRP3, que provoca um processo inflamatório contra micróbios que atacam as células do corpo. A descoberta ajudará a entender a resposta imune contra doenças infecciosas e, no futuro, poderá servir de base para criar medicamentos que controlem infecções.

De acordo com o professor Dario Zamboni, da FMRP, que coordena o estudo, a pesquisa utilizou a bactéria Legionella pneumophila como modelo de agente infeccioso. “Essa bactéria causa uma pneumonia chamada doença dos legionários, que pode levar à morte, principalmente em idosos”, conta. “A bactéria é inalada pela respiração e atinge os pulmões e, ao se multiplicar, provoca a doença. As moléculas identificadas no estudo atuam para impedir a proliferação da bactéria.”

O professor relata que a proteína AIM2, que tem a função de reconhecer o material genético (DNA) de micróbios invasores no citoplasma, ou seja, dentro das células infectadas, induz a ativação do receptor NLRP3. “A AIM2 é uma proteína que induz a formação de um inflamassoma, que é um complexo de proteínas que atua no sistema imunológico, e também ativa outro inflamassoma, o NLRP3”, explica.

Apesar de o trabalho envolver pesquisa básica, sem apontar possíveis aplicações, o professor da FMRP ressalta que os resultados contribuem para compreendermos a origem das doenças inflamatórias e como nosso organismo combate as infecções.

 

Detalhe da capa da revista Cell Reports – Foto: Reprodução

Processo inflamatório

Uma vez ativado, o NLRP3 vai induzir um processo inflamatório que é muito importante para o combate às infecções, pois irá eliminar, neutralizar e destruir os micróbios que atacam o organismo e provocam doenças. “Esse processo contribui para entender como as células do nosso sistema imune inato, ou seja, da imunidade que nasce com a pessoa, reconhecem e combatem as infecções microbianas”, destaca Zamboni.

Apesar de o trabalho envolver pesquisa básica, sem apontar possíveis aplicações, o professor da FMRP ressalta que os resultados contribuem para compreendermos a origem das doenças inflamatórias e como nosso organismo combate as infecções. Futuramente, as conclusões do estudo poderão servir de base para o desenvolvimento de medicamentos que modulem o processo inflamatório e, dessa forma, permitir o tratamento de doenças infecciosas.

A pesquisa foi realizada no Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos da FMRP. O estudo faz parte do projeto temático O inflamassoma na resposta contra patógenos intracelulares e os mecanismos microbianos relacionados à evasão, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), coordenado pelo professor Zamboni, e do projeto Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CEPID CRID), também apoiado pela Fapesp.

O estudo é descrito no artigo AIM2 Engages Active but Unprocessed Caspase-1 to Induce Noncanonical Activation of the NLRP3 Inflammasome, publicado pela revista científica Cell Reports em 25 de julho. O texto pode ser lido na íntegra aqui.

Mais informações: e-mail dszamboni@fmrp.usp.br, com o professor Dario Zamboni


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