Ferramenta seleciona mudas ideais de cana-de-açúcar

Criado por empresa incubada na Escola Politécnica, dispositivo é capaz de analisar uma muda por segundo

 10/08/2017 - Publicado há 7 anos
Tecnologia contribui para aperfeiçoar a produção e reduzir custos com mão de obra – Foto: Franco Folini via Visual Hunt – CC BY-SA

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Selecionar mudas de cana-de-açúcar em condições favoráveis para o plantio ficou mais fácil graças à tecnologia criada pelos engenheiros Fernando Lopes, Fernando Veloso e Henrique Oliveira, sócios fundadores da startup Mvsia, incubada no Inovalab@Poli da Escola Politécnica (Poli) da USP. O projeto já ganhou o Prêmio Odebrecht de Desenvolvimento Sustentável e concorre agora ao Prêmio Inovacana.

A ferramenta faz a seleção das mudas utilizando visão computacional e inteligência artificial e se baseia em critérios como o enraizamento das mesmas, sua cor, diâmetro do caule e altura para diferenciar aquelas com melhores condições para o plantio. Ainda há um sistema mecatrônico que separa as consideradas boas das ruins.

Com a capacidade de analisar e separar uma muda por segundo, a tecnologia contribui para aperfeiçoar a produção e reduzir custos com mão de obra. “Sem falar na qualidade do produto final, que é difícil de mensurar”, acrescenta Lopes. “Quem faz isso geralmente é uma pessoa, e o olho humano cansa. A nossa ferramenta faz a seleção durante 10 horas sem perder produtividade”, explica ainda. Ele garante que o investimento feito gera lucros que alcançam o preço da tecnologia em até um ano e meio.

 A nossa ferramenta faz a seleção durante 10 horas sem perder produtividade.

O engenheiro conta que a criação é quase exclusiva no mercado e associa-se à técnica de plantio das mudas inventada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), utilizada somente no Brasil. Esse foi um dos motivos que levaram os sócios a escolherem o aprimoramento da produção de cana-de-açúcar como projeto. “Temos muito contato com pessoas do ramo do agronegócio. A gente sabe que o mercado da cana é muito grande, principalmente no Brasil, o maior produtor mundial”, diz Lopes.

Apesar do sucesso e destaque nas premiações, a ferramenta ainda é um protótipo, e não há previsão do seu lançamento no mercado. Isso porque os engenheiros esperam contar com o apoio de empresas do agronegócio interessadas na tecnologia. No entanto, que eles aguardarão para tocar este projeto em específico, uma vez que outras ferramentas parecidas, também desenvolvidas por eles, já estão disponíveis no mercado. É o caso da seletora de mudas de eucalipto, que recebeu o Prêmio Santander de Empreendedorismo em 2015.

Ferramenta ainda é um protótipo, e espera interessados para seu lançamento no mercado – Foto: Wherewerewe91 via VisualHunt – CC BY-SA

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Premiações

Fernando Lopes esteve em Nova Iorque  em julho para receber o Prêmio Odebrecht de Desenvolvimento Sustentável na categoria Person of the Year (POY) Fellowship Award, concedido pela Câmara de Comércio Brasil-EUA e pelo comitê da premiação. A cerimônia contou com a presença de Albert Fishlow, professor emérito da Universidade de Columbia (NY) e um dos maiores especialistas em economia brasileira; Paulo Vieira da Cunha, economista e ex-diretor do Banco Central (BC); e dirigentes da Câmara e da Odebrecht.

Para Lopes, experiências como essa são imprescindíveis para o crescimento da startup. “A premiação em dinheiro é muito importante para nós, porque estamos investindo na empresa. Além disso, ganhamos muito com a divulgação do projeto”. A premiação foi criada em 2008 e já foi realizada em oito países.

Eles também concorrem ao Prêmio Inovacana, promovido pelo Grupo IDEIA, consultora especializada na indústria canavieira. O prêmio busca incentivar a criação de inovações voltadas ao setor sucroenergético, e acontecerá nos dias 9 e 10 de agosto em Ribeirão Preto.

Angela Trabbold / Acadêmica Agência de Comunicação, com edição do Jornal da USP


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