Está aberta, desde 8 de março até 7 de abril, a janela partidária. Nesse período, os deputados podem trocar de partido livremente, sem perder seus mandatos. Glauco Peres da Silva, professor do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, entende que esse processo legitima a migração partidária por razões eleitorais, e não por associações ideológicas entre político e legenda.
Em ano eleitoral, a ampliação das bancadas parlamentares é conveniente, porque aumenta o repasse do fundo partidário e o tempo de propaganda de rádio e televisão. As siglas, pretendendo se apresentar de forma mais competitiva nas eleições, buscam alianças. Para Glauco Peres, apesar de a janela partidária ser prevista em lei, é uma medida moralmente condenável.
Ainda segundo o professor, o sistema eleitoral brasileiro apresenta um paradoxo: são muitos os partidos políticos, mas pouca coisa representada por eles. Peres avalia que os interesses eleitorais envolvidos nas alianças personificam o debate na figura de determinados políticos e deixam o eleitor sem entender o que representa ideologicamente cada sigla. Como possível saída para essa questão, o professor sugere o fim dos benefícios concedidos de acordo com o tamanho das bancadas de cada partido. O desestímulo às coligações tornaria o cenário mais coerente e compreensível para a população.
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