Resultado de eleições no Equador é visto como resistência da esquerda

A opinião é do professor Igor Fuser ao analisar, em entrevista à Rádio USP, o atual contexto político da América Latina

 04/04/2017 - Publicado há 7 anos
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O candidato governista Lenín Moreno venceu o segundo turno da eleição presidencial no Equador, no último domingo (2).  A vitória de Moreno é tida como representativa do fim da hegemonia de partidos da direita que chegaram ao poder, nos últimos tempos, na América Latina (vide  Brasil, Argentina e Peru).

Em entrevista à Rádio USP, o professor Igor Fuser (doutor em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo), da Universidade Federal do ABC, argumenta que, quando se fala no contexto político da América Latina, é preciso levar em conta que, apesar da existência de tendências regionais, tanto à esquerda quanto à direita, o que vale como fator decisivo e preponderante é a dinâmica interna de cada nação.

Lenín Moreno em campanha presidencial: Foto: AgenciaAndes via Visual Hunt/CC BY-SA

“De qualquer maneira”, diz, “essa vitória da esquerda no Equador tem um forte significado para as forças progressivas da região e mostra que o retrocesso conservador, a atual ofensiva da direita, muito estimulada a partir dos EUA, pode ser detida.”  Nesse sentido, a vitória de Lenín Moreno seria um estímulo à resistência das forças de esquerda na América Latina e um sinal de que o continente está em disputa. Não existe uma mecânica que determine o surgimento de um ciclo de esquerda sucedendo a um de direita, ou vice-versa.

Contudo, para não destoar das peculiaridades típicas dos regimes latino-americanos, o candidato oposicionista de direita, Guillermo Lasso, taxou o processo eleitoral equatoriano de fraudulento, acusação classificada pelo professor Fuser como  aventureira e irresponsável. Ele explica por quê: “Se houvesse uma disposição do governo Rafael Correa de cometer fraude eleitoral, ela teria sido cometida no primeiro turno, quando a coligação governista chegou muito próxima de ganhar as eleições”.

De todo modo, Fuser prevê um período tenso na vida política do Equador, “porque a direita é golpista em toda a América Latina. É uma burguesia que não aceita perder os seus privilégios”, enfatiza. No entanto, ele mesmo observa que a ampla maioria de forças pró-governo no Parlamento equatoriano esvazia muito a possibilidade de uma ação golpista.


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