Professores são favoráveis à privatização da Eletrobras

Eles coincidem na tese de que o Estado deve se manter afastado do setor de energia

 16/11/2017 - Publicado há 6 anos
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Chegou a vez da Eletrobras ser privatizada pelo governo federal, a exemplo do que já ocorreu com outras estatais. Segundo a Agência Brasil, a intenção é permitir a entrada de novos investimentos, diluindo o capital da estatal para que a participação da União fique inferior a 50%. Hoje, o Estado tem uma participação de 63% na empresa.

O professor Eduardo Luzio (Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP) é favorável à privatização da Eletrobras. Embora admita  ter sido ela muito importante para o setor elétrico brasileiro – foi responsável por um grande crescimento da capacidade instalada -, ele ressalta, porém, que, desde o início do processo de privatização, nos anos 1990, a empresa vem perdendo sua capacidade de investimento e acumulando uma série de distorções, com indícios de superfaturamento e distribuidoras deficitárias nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Como se não bastasse, o seu custo foi aumentando muito e a empresa tornou-se uma fonte geradora de déficits bilionários no setor elétrico.

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Para o professor da FEA, a privatização é um marco na história do setor energético brasileiro. Ele rebate qualquer tentativa daqueles que argumentam que o setor de energia é estratégico e que, portanto, não deveria ser privatizado. A esses, Luzio lembra que o setor de energia sofreu grandes alterações em todo o mundo. Portanto, é incisivo ao afirmar que aquele “paradigma de que o Estado precisa estar em setores estratégicos é anacrônico (…), um argumento pré-histórico”.

Ainda de acordo com a Agência Brasil, deverão ser postas à venda seis distribuidoras de energia nas regiões Norte e Nordeste, consideradas deficitárias. A Rádio USP também ouviu a respeito o professor Dorel Soares Ramos (Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da USP), que também está de acordo com a privatização da Eletrobras. Ele parte da premissa de que o setor elétrico deve ter tanto mercado quanto seja possível, enquanto o Estado só deve intervir naquilo que é absolutamente necessário. “A filosofia é do Estado mínimo”, argumenta, ao observar que aquele é um péssimo empresário.

Ele diz ainda que as distribuidoras da Eletrobras vão ser privatizadas porque a gestão estatal jogou essas empresas em um poço sem fundo do ponto de vista financeiro. Ramos acredita que a tarifa de energia deva subir para o consumidor. Ouça, acima, as entrevistas dos professores Eduardo Luzio e Dorel Soares Ramos.


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