A professora Marisa Midori, em sua coluna semanal para a Rádio USP, conta um pouco da história da primeira biblioteca pública de São Paulo, fundada em 1825, ou seja, apenas alguns anos após a independência do Brasil, em edifício hoje ocupado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
A particularidade de sua fundação reside no fato de que a biblioteca foi criada com livros que, em sua maioria, eram de cunho religioso. Como se pode explicar isso, em um momento em que São Paulo se afirmava como uma cidade que se projetava no plano nacional? Uma instituição laica abrigando, basicamente, livros religiosos.
Midori explica que a resposta deve ser buscada no século XVII, momento de afirmação do convento de São Francisco na cidade de São Paulo, o qual, a exemplo do que ocorria com outras ordens religiosas, cultivava valores espirituais e intelectuais, os quais nortearam a formação de sua biblioteca. Ocorre que o grito da independência representou também um reforço no discurso da laicização das instituições, momento em que parte da biblioteca dos franciscanos foi reivindicada pelo então governo de São Paulo.
E foi assim, segundo a professora Midori, que pelo menos dois terços dos livros advindos da biblioteca do convento de São Francisco passaram para as mãos das instituições do Império e, posteriormente, para a primeira biblioteca pública de São Paulo.
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