Professor comenta cassação de Eduardo Cunha

Guilhon Albuquerque surpreendeu-se com a esmagadora votação da Câmara em favor da cassação de Eduardo Cunha

 13/09/2016 - Publicado há 8 anos

Acompanhe a entrevista do repórter Fabio Rubira com o professor José Augusto Guilhon Albuquerque, da FEA-USP:

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Foto: Luis Macedo/ Câmara dos Deputados
Foto: Luis Macedo/ Câmara dos Deputados

Eduardo Cunha passou, desde a noite desta segunda-feira (12), da condição de deputado para a de ex-deputado presidente da Câmara. Acusado de ter mentido ao afirmar que não possuía  contas no exterior em depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras no ano passado, Cunha (PMDB-RJ) perdeu seu mandato. Ele foi cassado por 450 votos a favor, dez contra e nove abstenções; 470 deputados participaram da sessão. Cassação de mandato consumada, o ex-presidente da Câmara responsabilizou o governo Temer pelo resultado da votação e pelo apoio dado, com o PT (Partido dos Trabalhadores),  à eleição de Rodrigo Maia à presidência da Casa.

Segundo o professor José Augusto Guilhon Albuquerque, a perda de mandato de Eduardo Cunha já era prevista havia muito tempo, a exemplo do que aconteceu com a ex-presidente Dilma Rousseff. “Ambos foram objeto de uma ação legal respondendo a uma questão que apareceu como sendo formal”, disse Guilhon de Albuquerque em entrevista ao repórter Fabio Rubira. “A verdade, porém, é que eles estavam sendo objeto de uma ação por causa do conjunto da obra.”  Ou seja, aqui como lá, a motivação teria sido puramente política.

O professor Guilhon disse ainda que, já de algum tempo, Eduardo Cunha perdera as qualidades que lhe davam influência no Congresso, “estando cada vez mais preocupado em salvar o próprio mandato”. No entanto, o professor da FEA-USP manifestou surpresa com a votação esmagadora da Câmara a favor da cassação de Eduardo Cunha, o que, por outro lado, torna claro que houve consenso de que aquela Casa não podia mais conviver com o deputado cassado.  Resta saber agora o destino do ex-parlamentar, que adiantou em declarações, em diversas oportunidades, que não tem medo de ser preso pela Operação Lava Jato.  No entanto, todas as ações em que esteve implicado, desde o momento em que a Comissão de Ética da Câmara recebeu uma ação contra ele,  revelam que sua principal preocupação sempre foi a de preservar seu mandato e, por tabela, o foro privilegiado, o que o impediria de cair nas malhas da Lava Jato.

Em entrevista recente, o ex-presidente da Câmara dos Deputados disse que não é criminoso para fazer delação premiada, mas isso, na opinião de Guilhon de Albuquerque, fica por conta do imponderável. O fato é que Eduardo Cunha tornou-se o sétimo deputado a ter seu mandato cassado desde a criação do Conselho de Ética da Câmara, em 2001.

 


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