Camadas profundas do oceano possuem biodiversidade pouco conhecida e explorada

Para conhecer mais sobre as águas do planeta, foi Instituída pela ONU a Nova Década do Oceano (2021/2030), que terá participação do Instituto Oceanográfico, referência mundial em estudos sobre o mar profundo

 30/09/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 04/02/2021 as 13:49
Paisagem de mar profundo – Consórcio Iatá-Piúna – JAMSTEC_USP
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As camadas abissais do oceano são objeto de pesquisa de muitos cientistas ao redor do mundo. A região é pouco explorada, portanto, pouco se sabe ainda sobre a vida marinha, as características físicas e químicas do mar profundo. Focados na reunião e distribuição dos conhecimentos sobre a área, pesquisadores do Instituto Oceanográfico da USP preparam lançamento do livro Biodiversidade do Mar Profundo Brasileiro, para falar sobre descobertas das camadas mais fundas do oceano. A obra deve ser lançada em versão impressa e digital, no mês de outubro, pela editora alemã Springer.

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Mar profundo, a região mais inexplorada do planeta Terra

O Jornal da USP no Ar entrevistou o professor Paulo Sumida, do Laboratório de Ecologia e Evolução de Mar Profundo (Lamp) do Instituto Oceanográfico (IO) da USP, editor do livro Biodiversidade do Mar Profundo Brasileiro, para o Especial Oceano. Ele comenta que serão vários capítulos dedicados aos mais diversos temas, como os corais de águas rasas e os de mar profundo, que no Brasil são maioria; as ações antrópicas que impactam o mar profundo e como preservar essas áreas; como os hidrocarbonetos do petróleo colaboram na manutenção da vida e formam uma cadeia trófica entre os animais; e um capítulo dedicado às massas de água brasileiras, que são responsáveis pela distribuição de calor e organismos vivos pelo planeta. O livro organiza e reúne obras de diversos autores da USP e de outras universidades brasileiras e internacionais.

O professor informa que o mar profundo é um ambiente imenso e cerca de 90% dos oceanos têm profundidade maior que mil metros, o que já é considerado abissal: “São 360 milhões de km² e cerca de 1 bilhão de km³ de volume ocupados por compostos químicos, animais e plantas das mais variadas categorias. Isso faz com que seja um ambiente muito inacessível e extremamente caro de se explorar, o que dificulta as pesquisas nessa região”.

O Instituto Oceanográfico da USP é referência mundial em estudos sobre mar profundo. Segundo o professor, é por esta razão que o instituto participa de diversos comitês internacionais, que irão, inclusive, trabalhar na Nova Década do Oceano (2021 a 2030), instituída pela Organização das Nações Unidas por meio da Cátedra Unesco para Sustentabilidade dos Oceanos, cujo objetivo é aumentar o conhecimento da humanidade sobre as águas, que cobrem 70% do planeta, nos próximos dez anos e pensar em formas de garantir a saúde dos mares.

Uma das maiores dificuldades para exploração do mar profundo é a infraestrutura necessária. O pesquisador compartilha que os estudos só puderam ser feitos devido à contribuição da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Agência Nacional do Petróleo (ANP), já que os investimentos em educação superior no Estado de São Paulo têm sido ameaçados. Ele ainda explica que a indústria produtora de alta tecnologia é uma das mais interessadas na exploração das camadas abissais do oceano por conta de metais raros utilizados em tecnologias verde, como baterias e turbinas eólicas: “Existe uma demanda grande por esses metais raros, que a gente sabe que estão mais concentrados nas áreas profundas do oceano do que em terra, cujas minas já estão exauridas”. O professor comenta que essa exploração tem aspectos positivos e negativos, já que podem contribuir para aumentar o conhecimento da humanidade sobre a região, mas podem degradar o ambiente.

Para saber mais, ouça entrevista na íntegra pelo player acima.


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