Mutações genéticas são principal causa do câncer de mama em jovens

Estudo do Icesp mostra a atuação do fator hereditário e de mutações somáticas em mulheres de 20 a 34 anos

 03/07/2018 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 11/07/2018 as 11:11

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O câncer de mama em mulheres jovens – de 20 a 34 anos – corresponde a 4,5% dos casos; entretanto, o grupo é o que possui diagnóstico mais tardio, o que o torna mais propenso à mortalidade. Com base nesses dados, foi realizada pesquisa de Maria Aparecida A. Koike Folgueira, do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), apresentada no seminário Mutações somáticas em câncer de mama de pacientes jovens.

O câncer de mama hereditário é o resultado de mutações, na maioria dos casos, nos genes BRCA1 e BRCA2, que codificam proteínas importantes que participam do reparo do DNA. A perda das proteínas acarreta fragilidade desse DNA, que fica mais propenso a sofrer lesões, acumulando mutações e gerando uma célula alterada que pode resultar no câncer. Essa alteração é passada da genitora para a filha. A pesquisa trabalhou com a análise do dado de que aproximadamente 17% das mulheres jovens herdam essas mutações das mães, o que aumenta a probabilidade de desenvolvimento do câncer em uma idade precoce.

Foto: JBLM PAO/Flickr-CC

As mutações somáticas, que ocorrem na célula da mama ao longo do tempo por conta da morte das células a cada ciclo menstrual, seguidas de inúmeros ciclos de proliferação, fazem com que sejam mais comuns em mulheres mais maduras. Apesar disso, é a forma de câncer que mais afeta as mulheres jovens.

Maria Aparecida comenta que os motivos do desenvolvimento do câncer ainda são uma incógnita. Não há respostas sobre se o tumor pode ser atribuído ao acaso, relacionado às alterações naturais ou se existe outro fator que possa explicar isso.  

O Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer (Inca) na publicação mais recente “Diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no Brasil” recomenda rastreamento através de mamografia em mulheres de 50 a 59 e 60 a 69 anos, com periodicidade bienal. Em mulheres com idade inferior a 50 anos, não há recomendação de mamografia, exame clínico de mama e autoexame de mama. A pesquisadora alerta que, ao notar alterações, procurar um médico é a melhor decisão, informando a presença de membros da família com a patologia. O especialista decidirá quais exames devem realizados e com que periodicidade.

A investigação da atuação de outros tipos de câncer em jovens adultos dita a continuidade da pesquisa, com a pretensão de analisar os motivos do diagnóstico ao apresentar um estágio avançado da doença.

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