Fundo cívico para campanha política precisa ser investigado

Mesmo assim, movimentos da sociedade civil são bem-vindos como opção ao uso de dinheiro público, diz especialista

 24/10/2017 - Publicado há 6 anos
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No momento em que a sociedade brasileira repudia o uso de dinheiro público no financiamento de campanhas políticas, um grupo de empresários e empreendedores cria fundo privado para pagar bolsas mensais de R$ 5 mil a R$ 8 mil para candidatos às eleições do próximo ano.

Além de dinheiro, o grupo vai dar cursos sobre política, suporte nas redes sociais e organização de eventos. Trata-se do fundo cívico Renova Brasil, que reúne personalidades como o apresentador de televisão Luciano Huck, a atriz Maitê Proença e o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga.

Esse movimento se contrapõe à minirreforma política recentemente aprovada pelo Congresso Nacional, que destina R$ 1,7 bilhão para financiar os partidos políticos na campanha eleitoral do próximo ano. Esses recursos vão se somar ao fundo partidário que, só neste ano, destina R$ 820 milhões aos partidos políticos e pode chegar a R$ 1 bilhão no ano que vem.

O professor da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP, Rubens Beçak, especialista no assunto, diz que os movimentos da sociedade civil organizada, como o Renova Brasil, são muito bem- vindos, mas que é preciso cuidado, porque o projeto pode ter a intenção de burlar a legislação.

A minirreforma não proíbe o financiamento de campanhas políticas por pessoas físicas, mas impede doações de empresas. O professor defende uma maior investigação do Renova Brasil, para saber se não são empresas que estão financiando as bolsas para os candidatos, por exemplo.


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